sábado, outubro 27, 2012

O MARXISMO CULTURAL (Palestra)* Padre Paulo Ricardo** Vamos falar um pouco de marxismo, mas não vamos falar aqui do marxismo clássico, aquele de Karl Marx, que é geralmente simbolizado pela foice e pelo martelo. Não é esse marxismo clássico que nós iremos falar, nós iremos falar a respeito de um marxismo menos conhecido, chamado Marxismo Cultural e que faz questão de não ser identificado como marxismo, e de não ser chamado de Marxismo. Isto está criando uma nova cultura. Eu quero falar desta cultura que está aí fora, e que não é uma cultura somente que não é cristã. Mas, falar de uma cultura que é anticristã. Ela é resolutamente contra o cristianismo. Por isso eu coloquei aquele símbolo ali, que é o símbolo da paz. Todo mundo conhece o símbolo da paz, Movimento Hippie, paz, amor, bicho. Só que esse símbolo da paz, talvez poucas pessoas saibam, é na verdade o símbolo da paz sem Cristo. É uma cruz quebrada. Não é? Ou seja, os braços da cruz foram quebrados colocados pra baixo. Então você imagina uma cruz cristã, uma cruz normal, onde você pega os dois braços da cruz e joga pra baixo: crac. O símbolo da paz que conhecemos, é não somente não cristão, mas é um símbolo anticristão. E é esta cultura que está aí, e que vai crescendo cada vez mais, e que já faz parte um pouco do nosso imaginário coletivo. É uma cultura que não é cristã, mas não somente não cristã, ela é anticristã. E eu, estou afirmando isso, e quero provar pra vocês isto, agora eu quero pedir para vocês, no início desta palestra: as coisas que eu vou dizer são bastante novas, então eu peço a você encarecidamente, que não acredite em mim. Eu quero que você vá comprovar, eu vou dar para você meios de comprovar se isto que eu estou falando é ou não é verdade. Porque aquilo que eu vou dizer para vocês é tão novo, e tão diferente, que vocês vão achar que o Padre Paulo é um paranoico, que tem alguma espécie de doença mental, mania de perseguição. Essa é a primeira advertência, a segunda advertência que eu quero fazer é a seguinte: eu, por formação e por mentalidade, sou decididamente, politicamente falando, eu sou decididamente a favor da democracia e eu acho que numa sociedade democrática, é necessário que exista a direita e a esquerda. Eu acho que na sociedade democrática é necessário que haja debate, tanto a direita como a esquerda, tem direito de existir, só que acontece o seguinte: as duas, tanto a direita como a esquerda, precisam ser disciplinadas, ou seja, não é possível fazer jogo político sujo, e passar a perna, ludibriar as pessoas, vendendo gato por lebre. Então, é necessário ser honestos, e está acontecendo uma desonestidade com os cristãos. As pessoas estão fazendo passar como cristãs certas ideias que na verdade são anticristãs, e os cristãos estão sendo levados, seduzidos desonestamente. Então vejam, na sociedade em que nós estamos eu não acho que seja crime ser anticristão, eu acho que a pessoa tem o direito de ser anticristão, assim como eu sou, e tenho o direito de ser, antipagão, eu tenho esse direito, de achar que o paganismo é uma desgraça e lutar com todas as veras do meu coração contra o paganismo. Porém, este direito que eu tenho não significa, que eu tenho o direito de matar a pessoa que não pensa como eu, ou de ludibriá-la, ou de enganá-la, ou de ser desonesto. Então é necessário que haja uma sociedade democrática, é necessário que haja um substrato moral, é necessário que haja uma base moral de respeito mútuo, onde nós possamos viver e conviver juntos. Então não vai precisar muita coisa, para você saber que eu sou bastante conservador. Basta olhar pra minha batina preta, não é? Pra ver que eu sou bastante conservador. E eu não acho que seja ruim ser considerado conservador. Porque eu acho que eu preciso lutar, e convido vocês, essa palestra é um convite, é isso, para lutar, para conservar os valores cristãos, a fé cristã, a religião cristã, e os valores do evangelho. É necessário conservar, e isso faz de nós conservadores, numa sociedade que quer acabar com isso. Então, quem por acaso concordar com as coisas que eu irei dizer, se prepare, porque você vai ser chamado de reacionário, você vai ser chamado de conservador, você vai ser chamado de direitista. Nós estamos acostumados com o marxismo clássico. O que é o marxismo clássico? Estão ali, a foice e o martelo, dois trabalhadores, os proletários lutando para implantar a igualdade social. Karl Marx em 1848 escreveu, junto com o Engels, O Manifesto Comunista e na última frase do Manifesto Comunista ele diz assim: “Trabalhadores de todas as nações, uni-vos!” Veja, o marxismo é um pensamento internacionalista. Eles achavam o quê? O que é que o marxismo clássico dizia? A opressão dos trabalhadores é tanta, a opressão que os trabalhadores estão sofrendo é tão grande, que os trabalhadores irão se revoltar como uma panela de pressão que estoura. Os trabalhadores irão se revoltar contra os capitalistas e irão tomar o poder, para implantar a justiça social. Esse é o pensamento clássico marxista. Acho que todo mundo aqui conhece isto! Todo mundo já ouviu falar disto. Uma nota importante, é um pensamento internacional, quer dizer o seguinte: que Marx previa como, não precisava ser um gênio, para prever isso, porque toda a Europa naquela época, no século XIX já previa que haveria um grande conflito, que realmente a Europa estava numa panela de pressão e que haveria um conflito internacional. Marx previa que haveria um conflito pan-europeu. Um conflito da Europa inteira. Uma guerra da Europa inteira, e quando acontecesse esse conflito, os trabalhadores oprimidos, os proletários oprimidos, ao invés de pegarem nas armas para lutar contra outros trabalhadores de outros países, iriam se unir entre si, contra os seus patrões, contra os seus opressores. Então, por exemplo, quando estourasse a guerra, os trabalhadores da Alemanha iriam se unir com os trabalhadores da França, contra seus patrões. Era isso que a doutrina clássica marxista previa: um conflito pan-europeu, e nesse conflito pan-europeu a panela de pressão iria estourar e os trabalhadores iriam lutar pelos seus interesses de classes. Não haveria trabalhador lutando contra trabalhador, mas iriam lutar contra os seus patrões. Marx morreu, e como Marx previa, aconteceu realmente o conflito pan-europeu alguns anos depois, é o que nós conhecemos hoje como Primeira Guerra Mundial, que aconteceu de 1914 a 1918. Acontece, porém, que o que Marx previa, que os trabalhadores iriam se unir, não aconteceu. O Kaiser da Alemanha disse: “Não há mais partidos, somos todos alemães”. E os alemães todos se uniram contra os outros países. O que aconteceu? Horror dos horrores para os marxistas, eles viram trabalhadores pegarem em armas e matar outros trabalhadores de outros países, ou seja, trabalhadores pegarem em armas para defender o “interesse dos capitalistas”. Isto para os marxistas era pior do que o Apocalipse. Porque significava que todas as previsões, e aquilo pelo qual eles tinham lutado não aconteceu. Por que não aconteceu? Aconteceu, porém, que durante a Primeira Guerra uma coisa pelo menos deu certo, a guerra foi de 1914 a 1918, em 1917 eles conseguiram fazer a Revolução na Rússia. Eles conseguiram realmente fazer a Revolução na Rússia, isto deu esperanças para eles. Bom então não está tudo perdido, conseguimos na Rússia! E por que não conseguimos em outros países? Quando acabou a Guerra aconteceram várias revoltas em vários lugares do mundo. Não se preocupem aqui com os detalhes, eu vou aqui citar pra vocês esses detalhes, somente pra vocês saberem e se quiserem buscar nos livros de História, vocês irão encontrar. Então vejam só a Revolta Espartaquista de Berlim. Em 1918 acabou a Guerra e eles disseram: agora sim, vamos conseguir implantar o socialismo. Então lá em Berlim, um sujeito chamado Spartacus que é esse Karl Liebknecht e uma senhora chamada Rosa de Luxemburgo pegaram nas armas e tentaram implantar o comunismo na Alemanha, em Berlim. Não conseguiram. Tentaram também em Munique. Tudo isso em 1919, tentaram lá em Berlim, não conseguiram, acabou a Guerra tentaram em Munique, conseguiram implantar um governo provisório chamado, Governo do Soviet de Munique. Mas também não deu certo, não vingou. Os trabalhadores não se uniram. Os trabalhadores não pegaram nas armas, para defender aquilo que os socialistas estavam querendo fazer. Ainda em 1919, tentaram fazer um governo comunista na Hungria. Olha só, Berlim, Munique e Hungria. Na Hungria eles conseguiram implantar um governo provisório por um sujeito chamado Béla Kum, ele foi o presidente, e interessante nesse governo havia um filósofo, chamado Georg Lukács. Não deu certo também o governo comunista na Hungria. Na Itália, uma revolta sindical. Os trabalhadores italianos em Turim, oprimidos se revoltaram, mas também não conseguiram implantar nada. Diante de todos esses fracassos, de tudo isso, nos anos de 1919 e 1920 logo depois da guerra, estava criado um grande problema teórico para o marxismo. E é aqui que vem a parte que nos interessa, você vai começar a enxergar no que é que isso nos diz respeito. Foi este problema teórico, porque é que não estava dando certo a teoria marxista, que criou isto, que criou este vírus que está destruindo a sociedade ocidental. Olha só, a crise teórica era a seguinte: por que a realidade não segue a teoria? Vejam só, quando você tem uma teoria e ela não bate com a realidade, a lógica seria: “Eu tenho que reformar a teoria”. Mas, como diz o filósofo Olavo de Carvalho: “Um cérebro marxista raramente é normal”. Porque para os marxistas a teoria é inquestionável, e se a realidade não está seguindo a teoria, pior para a realidade, então eles se puseram a estudar a realidade pra ver, porque é que a teoria não estava dando certo. E então, esses dois senhores, Antonio Gramsci, um filósofo italiano, fundador do partido comunista italiano e Georg Lukács, um filósofo húngaro, os dois acharam a resposta. Os dois conseguiram descobrir porque é que a realidade não estava seguindo a teoria. A pergunta era: “Quem alienou os proletários?” Ou seja, “quem terá feito uma lavagem cerebral nos trabalhadores, para que os trabalhadores pegassem nas armas contra outros trabalhadores, e lutassem contra seus interesses de classe”. Quem será que fez essa lavagem cerebral nos trabalhadores? Eles acharam a resposta. Gramsci na Itália e Lukács na Hungria. Os dois, sem se comunicar, chegaram a mesma conclusão: “A Cultura Ocidental”. A culpa é da cultura ocidental, a revolução deu certo na Rússia, porque a Rússia não é ocidental, o suficiente. Alguma coisa aconteceu nos cérebros dos trabalhadores, foi que eles engoliram desde criança com leite materno uma cultura desgraçada chamada cultura ocidental que tem três colunas. Quais são as três colunas, da cultura ocidental? A filosofia grega, o direito romano e a moral judaico-cristã. Se nós quisermos implantar o socialismo no ocidente nós precisamos acabar com a moral cristã. Isso foi descoberto por eles em 1920. Isso que está acontecendo hoje, essa cultura anticristã que está aí, de moral anticristã, foi engendrada há muito tempo, não é do dia pra noite. Mas padre será que é realmente assim? Então vejam: a moral judaico-cristã! Eles querem acabar com a moral cristã. Isto criou um cisma dentro do marxismo. Aqui tem um mapa da Europa com a cortina de ferro. A cortina de ferro que aconteceu com a Segunda Guerra Mundial, que se concretizou a partir de 1945 não é. A Europa dividida em dois pedaços, mas esta cortina de ferro, que significava na nossa cabeça um mundo marxista no Oriente, e um mundo capitalista no Ocidente. Agora eu convido vocês a mudar o paradigma e compreender que no Ocidente começou- se a lutar por outra espécie de marxismo, não mais o marxismo clássico, mas o que nós podemos chamar de marxismo cultural. O que é o marxismo cultural? Como é esse marxismo cultural? Esta é a fotografia de um senhor chamado Maurice Merleau-Ponty. Merleau-Ponty é um filósofo marxista francês, que cunhou a expressão marxismo ocidental, pra dizer essa outra forma de marxismo, que é um marxismo meio heterodoxo, que é um marxismo herético. Moscou odiava esses comunistas do Ocidente. Entende? Moscou, Stálin odiava esse pessoal, que eram marxistas também, mas não aceitavam aquilo que Moscou indicava. Então vários nomes de filósofos e escritores famosos no Ocidente, pertencem a esse marxismo ocidental e muitos de nós talvez, tenhamos ouvido falar desses autores, às vezes até admiramos esses autores, mas não sabíamos que eles eram marxistas e nem que pertenciam a esse marxismo ocidental. Merleau- Ponty é um deles, tanta gente já ouviu falar de Merleau- Ponty e não sabe que ele é marxista. Alguns expoentes do marxismo ocidental, só pra colocar. Erens Blor. Não se preocupem com esses nomes, isto aqui eu estou colocando somente pra aqueles que são mais interessados em aprofundar nos estudos universitários. Vá e se aprofunde, e veja a importância que foi Ernst Bloch na década de 1960, na Revolução Estudantil Européia. Walter Benjamin, Jean Paul Sartre, todo mundo conhece Sartre como um existencialista, pouca gente sabe que ele terminou a vida dele, a última fase do pensamento dele, foi como marxista. Como ia dizer, mas Moscou não gostava do pensamento de Sartre, é porque era um marxismo diferente, era um marxismo herético, não era um marxismo ortodoxo, de Moscou, era outro tipo de marxismo. Louis Althusser um marxista francês, também muito famoso, e ali outro expoente atual que é o queridinho da filosofia atual no Brasil, muita gente gosta dele Jurguen Habermas também marxista, que está ali sentando na mesma cadeira conversando com o Cardeal Ratzinguer. Eles estão ali juntos porque eles debateram. Foram convidados para ir juntos pra um debate e o debate deles está publicado, não é, infelizmente não aqui no Brasil, mas quem estiver curioso do conteúdo desse debate, nós temos num seminário de Cuiabá, um livro, infelizmente não em Português, mas em italiano. Esse aqui é só pra dizer que existem inúmeras pessoas. Pois bem, vamos continuar a nossa historinha. Como é que nasceu esta Revolução Cultural Marxista no Ocidente? Em 1923 aconteceu na Alemanha a chamada Semana de Trabalho Marxista, alguns marxistas se reuniram, filósofos marxistas, se reuniram para debater aquele problema teórico que eu tinha falado pra vocês. Porque é que a realidade não estava seguindo a teoria? A grande crise aconteceu em 1919 nós estamos em 1923 quando isso aconteceu. Quero chamar a atenção para Georg Lukács e Felix Weil. Lukács é um filósofo húngaro que junto com Gramsci descobriu que o problema era a moral judaico-cristã, que precisava ser destruída. Esse senhor Felix Weil também foi muito importante. Por quê? Porque ele era marxista, mas ele era filhinho de papai, tinha dinheiro, o pai dele era um rico comerciante de grãos e ele usou o dinheiro do pai para destruir a fortuna do pai dele e de outros capitalistas, criando um Instituto chamado Instituto para Pesquisa Social. Instituto Social Foching em Frankfurt. Na cidade de Frankfurt, foi fundado em 1924 é a famosa Escola de Frankfurt, uma escola filosófica. Eles iam inicialmente chamar esse Instituto, de Instituto Marx Engels, assim como tinha em Moscou um Instituto Marx e Engels. Mas eles disseram assim: aqui no Ocidente nós não podemos nos identificar como marxistas então vamos chamar de Instituto para Pesquisa Social. Mas, é tão verdade que eles são marxistas que nas suas obras não tem dúvida nenhuma. Quem lê as obras deles, mas são tantas verdades que eles são marxistas, que a famosa Mega Marx Engels (inglês), a famosa Mega, a edição geral das obras de Marx e de Engels. Foi editado o primeiro volume aí, junto com o Instituto Marx Engels de Moscou. Acontece que este Instituto foi feito lá em Frankfurt, eles estudavam, toda a sociedade alemã pra saber como é que acontece o pensamento ocidental, como é que o pensamento ocidental aliena os trabalhadores. Então eles estudavam a sociedade alemã objetivando destruí-la, para destruir a civilização ocidental. Acontece que estourou a Segunda Guerra Mundial e esses senhores eram na sua grande maioria, não somente comunistas, mas eram judeus. E em 1933 quando Hitler chega ao poder, Hitler era contra marxistas e contra judeus. Pois bem, eles então fugiram para os Estados Unidos. Então está ali uma foto do Instituto de Pesquisa Social, bombardeado durante a Segunda Guerra, mas eu tenho, eu coloquei ali três filósofos desse Instituto, ou seja, da Escola de Frankfurt. Não se preocupem muito, com esses filósofos, esta só pra você ter estes nomes e se você quiser ver se eles pensam isso que eu estou dizendo, você tem como ir atrás. Theodor Adorno, Herbert Marcuse, e Max Horkheimer fugiram para os Estados Unidos, e começaram a ensinar em universidades americanas, da University The Columbia em Nova York, tinha catedráticos marxistas. Quem foi que disse que não tem marxismo na América? É isso que eles querem que você pense. Mas tem. Tem sim senhor, eles ensinavam na universidade de Columbia. Aconteceu que acabou a Segunda Guerra Mundial, Horkheimer e Adorno voltaram para a Europa, e na Europa ali, houve outros discípulos, outras pessoas, outros pensadores. Vocês compreendem que isso daqui é um movimento gigante, eu não posso colocar pra vocês todos os pensadores, e escritores que fazem isso daqui, eu estou dando apenas uma amostra para vocês. Junto com Adorno e Horkheimer, lá na Europa, muita gente fez muita coisa. O que me interessa aqui são os Estados Unidos. Porque os Estados Unidos teve uma influência cabal no Brasil. Por quê? Porque o senhor Marcuse ficou nos Estados Unidos e começou a escrever os seus livros, mudou-se para a Califórnia, começou a dar aula na Universidade de San Diego, na Califórnia, justamente na época em que explodiu toda a Revolução Estudantil de 1968. Marcuse fez algo de extraordinário, que mudou a direção do pensamento no Ocidente, mudou a sua cabeça, embora você talvez nunca tenha ouvido falar nele. O que é que ele fez? Ele fez um casamento entre Marx e Freud. É aqui que a coisa nos interessa. Se você esquecer tudo o que eu disse até agora, não tem problema, mas isto que eu vou dizer agora você precisa lembrar e saber. Vejam o que é que os marxistas querem fazer? Querem fazer uma Revolução. Não é isso? Muito bem. Para fazer uma bomba você precisa de combustível. Eles viram que o combustível da revolta dos trabalhadores, não era suficiente, porque os trabalhadores tinham uma válvula, tinham uma panela de pressão, mas os capitalistas com a cultura ocidental tinham furado uma válvula e não adiantava, a pressão estava escapando, a revolução não ia acontecer. Onde que nós vamos achar gente revoltada? A juventude de pessoas reprimidas sexualmente. Vocês imaginem aqui que nós estamos, quando eles descobriram esse negócio aqui, nós estamos na década de 1950. A Segunda Guerra Mundial havia acabado. O que, que era a sociedade na década de 1950? É claro que já havia muita contestação contra a moral cristã etc. e tal. Eu não estou dizendo que tudo o que está acontecendo no mundo atual é culpa dos marxistas, eu não estou dizendo isso. Eu só estou dizendo que outras filosofias não teriam sido conhecidas senão fossem estes caras que são militantes. Por exemplo, Nietzsche. Esse pessoal aqui acha maravilhosa a filosofia de Nietzsche, mas Nietzsche morreu louco, num hospício, em Turim e teria ficado para a História como um louco, se não tivesse sido interessante pra eles, alardear a filosofia de Nietzsche nas cátedras universitárias, porque os marxistas culturais, a primeira coisa que eles querem fazer é dar aula em universidade. Eles não pegam em armas, eles não querem saber de armas, eles querem saber de universidade. E é por isso que eu preciso dizer isso para os universitários. Eles fizeram um casamento entre Freud e Marx e disseram assim: “a sociedade capitalista, ou seja, a sociedade ocidental é uma sociedade repressora, ela oprime as pessoas”. Como? Reprimindo as pessoas sexualmente. Então você não pode exercer sua sexualidade livremente, revolte-se, faça alguma coisa. Então, esse pensamento que foi um achado genial de Marcuse foi também seguido por outros na Europa. Enquanto Marcuse fazia isso nos Estados Unidos este alemão marxista total, naturalizou- se americano em, trabalhou para a CIA, na época chamava OSS, mas era a CIA da época, trabalhou pra CIA, pra vocês terem ideia do negócio. Quer dizer o cara era marxista, mas não queria ser identificado como marxista e se infiltrava, se infiltrava, se infiltrava e assim foi. Porque o que é que ele pregava nas universidades? Você encontra um professor universitário, que chega e diz: “olha libere sua sexualidade”. Essa coisa de casamento monogâmico é uma moral burguesa. Olha aqui gente interessante, importante pra você, esse pessoal quer acabar com a moral cristã, mas eles não dizem pra você isso, eles dizem: “Nós precisamos acabar com a moral burguesa”. E ninguém quer ser burguês. Só que quando eles dizem moral burguesa, que moral é essa que eles estão querendo acabar? É a moral cristã, é a moral dos evangelhos, é a moral que está na Bíblia. Quando um professor te ensina esse tipo de coisa, ensina divórcio, casamento gay, aborto etc., você pensa tudo menos que ele é um comunista. Isso é ou não é verdade? Isso pra você não tem nada a ver com marxismo. Mas ai você começa a se perguntar, não sei se você já se perguntou alguma vez. Por que é que todos esses partidos de esquerda são a favor do divórcio, a favor do aborto, a favor do casamento gay? Por quê? Já se perguntou isso? É uma boa pergunta pra ser feita. Pois bem, aqui estão outros pensadores que seguiram esse mesmo caminho de Marcuse, grande conhecido Erich Fromm. Os universitários da minha época liam Erich Fromm que era quase o ar que nós respirávamos na década de 1980. Eu fui universitário na década de 1980. Mas na década de 70 e de 80 Marcuse e Fromm eram a cartilha do dia a dia. Era a cartilha do dia a dia Cornelius Castoriadis, talvez menos conhecido, mas é um grego que depois foi pra França e atuou na Revolta Estudantil de 1968. E Michel Foucault? Que escreveu Vigiar e Punir etc. e tal, nós líamos Foucault na universidade, suponho que continuam lendo hoje, porque os livros continuam sendo publicados. Michel Foucault morreu de AIDS porque era um homossexual muito depravado, foi uma das primeiras vítimas da AIDS na década de 80, só pra vocês terem uma ideia do tipinho da pessoa, ele diz que essa experiência mais fantástica que ele teve na vida dele foi quando uma vez ele drogado foi atravessar uma rua e quase foi atropelado, esse foi o momento de maior emoção da vida dele. Pois bem, Hollywood nos anos 50, enquanto os marxistas culturais agiam nas universidades, em Hollywood os comunistas trabalhavam também para acabar com a moral burguesa. Um senhor chamado senador Joseph McCarthy começou a descobrir que havia marxistas trabalhando em Hollywood. Ele, coitado, foi frito na hora. Por quê? Porque ele era a pior pessoa para denunciar esse tipo de coisa, porque ele além de ser alcoólatra era também homossexual. Então ele foi lá e denunciou, mas se tornou vítima de uma coisa, não vou explicar hoje o que é isso, uma coisa que foi inventada por Lênin chamada Patrulhamento Ideológico. Então foi linchado vivo, vamos assim dizer, moralmente falando, mas esse senhor senador Joseph McCarthy denunciou que uns 20 e tantos atores de Hollywood e diretores estavam ligados ao comunismo, e o comunismo estava entrando em Hollywood e eles estavam fazendo filmes revolucionários em Hollywood. Você olha pros filmes de Hollywood e não há revolução nenhuma! Mas essa revolução meu irmão, é acabar com a moral judaico-cristã. Em Hollywood as coisas começaram a acontecer. Quando caiu o muro de Berlim, quando acabou a União Soviética eles foram abrir os arquivos da KGB, os americanos, que não são bobos, foram lá e microfilmaram tudo o que eles podiam, e descobriram numa coisa chamado Código Verona, descobriram um código que os russos tinham para as mensagens que eles passavam para o Ocidente e descobriram não somente que havia 20 e poucos mais havia outros cem pessoas trabalhando em Hollywood ligados a KGB. McCarthy morreu e é tido como doido até hoje. Você nunca vai ouvir na imprensa brasileira, esse tipo de notícia, mas compre um livro. Não é? Que está nas livrarias americanas não daqui, chamado Verona Coudy e lá explica toda a história de como havia esse pessoal em Hollywood. Pra frente Brasil, o nosso amigo Herbert Marcuse, escreveu um livro em 1955, o livro chama-se Eros e Civilização. Está ai a capa do livro quem quiser comprar nas nossas livrarias. Deixa-meeu dizer uma coisa pra vocês esta tradução que está aí é uma tradução recente que foi publicada pela primeira vem em 1999, eu comprei esse livro em 2005, e está na oitava edição. De 1999 a 2005 na oitava edição, tem alguém lendo esse homem, e pra ler tanto assim só pode ser universitário! Eu fui dar um retiro para o Padre Pepe e pra comunidade magnífica lá em três corações e eu fiz uma palestra assim lá pra comunidade dele e enquanto eu falava o Padre Pepe que foi educado na década de 1970, ele fez seminário na década de 1970, em Belo Horizonte, em plena teologia da libertação, quando eu falei de Marcuse, Eros e Civilização, ele bateu na testa olhou pro rapaz que estava assim do lado e cochichou pra ele: Eu leio esse livro. Gente isso era cartilha, cartilha, e atrás desse livro que foi escrito em 55 está a Revolução Hippie, a Revolução Hippie do final da década de 60 e de 70, esta é a bíblia da Revolução Hippie. O que é que Marcuse diz, ele diz que: “nós somos reprimidos e a sociedade capitalista que gera a guerra e que gera repressão sexual”. Por isso qual é o lema? Faça amor, não faça guerra. Está escrito essas palavras, escritas neste livro, paz e amor bicho. Entendeu? Faça amor não faça guerra, e aí veio Woodstock e companhia limitada, os jovens contra a Guerra do Vietnã e etc. Agora vocês imaginem, quem que saiu, está lá no Vietnã uma guerra, por procuração, de um lado o Vietnã do Sul com os Estados Unidos do outro lado o Vietnã do Norte com os comunistas. Os homens nos Estados Unidos começam a dizer: “Tragam os soldados pra casa”. Fazendo passeatas, quem ficava contente com isso os capitalistas ou os comunistas? Acho que os comunistas. E o que é interessante é que você certamente sempre ouviu falar que o movimento Hippie era sinal da decadência da sociedade capitalista, é ou não é? Você já não ouviu falar isso? O movimento Hippie era sinal da decadência da sociedade capitalista, quando foi na verdade implantado e introjetado dentro da sociedade ocidental, por gente que quer o quê? Destruir a moral judaico-cristã. Através de Hollywood nós vamos então bebendo essas coisas. No Brasil aconteceu o golpe militar de 1964. Pra vocês terem ideia do país conservador que nós éramos em 1964, eu coloquei aqui uma foto pra vocês das marchas da família com Deus pela liberdade, está ai. Em São Paulo, as famílias, os padres, os catequistas saindo às ruas com os terços na mão contra os comunistas e apoiando o golpe militar. Gente a manifestação popular de apoio ao golpe dos militares de 1964, foi infinitamente maior do que o protesto. As mulheres saindo com os terços na rua, vamos contra o comunismo, o comunismo vão tirar os nossos filhos, não sei o que etc. e tal. Vejam, vai ser outro capítulo se nós falarmos do golpe militar, mas é que aqui eu não quero falar nada disso, eu só quero explicar pra vocês, só esse detalhe, a nossa sociedade brasileira era uma sociedade conservadora. Como é que nós ficamos do jeito que nós estamos hoje? Vamos ver as famosas novelas da Rede Globo, todo mundo sabe que o Senhor Roberto Marinho era o quê? Capitalista, anticomunista, completamente anticomunista, mas quando os militares foram mexer nos comunistas que eram jornalistas, e que trabalhavam na Rede Globo, o que é que o Senhor Roberto Marinho disse? Deixem os meus comunistas em paz. Por quê? Porque ele era um homem capitalista, anticomunista, mas ele era um democrata, ele era contra a repressão, ele protegeu. O senhor Boni quando ele era adolescente, trabalhou numa rádio do Rio de Janeiro com um rapaz chamado Dias Gomes. Dias Gomes era, não sei se os senhores sabiam disso, comunista de carteirinha. Não precisa acreditar em mim, leia a autobiografia de Dias Gomes, não é ninguém dizendo, é ele dizendo com suas próprias palavras, está lá. A autobiografia dele, essa é a capa da autobiografia dele publicada pela Bertrand do Brasil, chama-se Apenas Um Subversivo, é o título da biografia dele. Pelo título, você já tem tudo, Apenas Um Subversivo. E o senhor Dias Gomes era casado com uma senhora chamada Janete Clair. Durante toda a década de 70 os dois fizeram dobradinha, entrava um saía o outro nas novelas de Rede Globo, e fizeram um grande império nas novelas da Rede Globo. Comunistas! Eu conheço um militar, aqui de Cuiabá, Coronel Rogério, ele moravam no Rio de Janeiro na época do Golpe Militar. Coronel Rogério chefiou o grupo de soldados que entrou na casa de Dias Gomes e Janete Clair, buscando o quê? Ele mesmo diz: Armas e livros subversivos, ou seja, livros que ensinassem guerrilhas etc. Só que eles não sabiam, que esse tipo de comunista aqui, estava preocupado com outra coisa, que era acabar com a nossa moral burguesa. Leiam a biografia de Dias Gomes vocês vão se divertir. Só vou dar uma pequena noção, primeira novela que ele fez, ele mesmo diz que atacou o tema do divórcio que no Brasil aquela época ainda era tabu. Segunda novela que ele fez, não sou eu que estou dizendo, é ele quem diz na biografia dele, segunda novela que ele fez Celibato Clerical. Em 1975 ele tentou levar ao ar uma famosa novela em 1975, chamada Roque Santeiro, atenção essa novela não foi ao ar, só foi em 1985. Por quê? Porque em 1975 o telefone dele estava grampeado e os militares descobriram e isso está escrito na biografia dele, os militares descobriram o que ele queria com a novela, porque ele diz no telefone, o que ele pretendia com a novela, e a pessoa com que ele estava falando: “Aí ótimo cara, os militares são burros, eles nunca vão descobrir isso”. Está na biografia dele, confissão dele mesmo. Só para dar um gostinho, vamos lembrar-nos da novela Roque Santeiro. Qual é o tema? E me digam se isso não é uma destruição do cristianismo, sutil, porém real. Está lá, Padre Albano conversando com Padre Hipólito, quem era Padre Albano? Um padre da teologia da libertação. Padre Hipólito? Um padre conservador de batina. Tá? Não sei se vocês se lembram da novela, mas estão lá os dois, conversando. É evidente que o Padre Albano se apaixona por uma mulher e finalmente deixa o sacerdócio. Porém interessante o tema também com relação ao Padre Hipólito, ou seja, o Roque Santeiro está ali a estátua dele, a estátua do Roque Santeiro, que era o mártir daquela cidade. Ele morreu e o Padre Hipólito, o conservador, vendia santinho do Roque Santeiro e tinha o comércio com a história de Roque Santeiro. Então vejam só, acontece que o Roque Santeiro não tinha morrido e o morto vivo resolve aparecer no meio da novela. Padre Hipólito e etc. e o pessoal tenta encobrir. Padre Albano quer denunciar. Então vejam só a ideia: o cristianismo cria mitos falsos, é necessário denunciar esse mitos, porque eles estão se aproveitando do povo. Foi o maior sucesso de audiência da década de 80, porque década de 80, 85 nós estávamos em clima de abertura, e em clima de abertura , 1985 foi o ano em que o Tancredo deveria ter tomado posse. Não é? Então as coisas já estavam abrindo e já era possível trazer ao ar Roque Santeiro. No Brasil, as universidades, o que é que houve com as universidades brasileiras? Um senhor gaúcho chamado General Golberi do Couto e Silva. Já ouviram falar dele? Muito bem, ele é o responsável pela metade das desgraças que acontecem na universidade brasileira atual. Por quê? Porque ele era um general “aberto”, então ele tinha sua famosa teoria da panela de pressão, e ele disse: “Toda panela de pressão deve ter uma válvula”. Qual era a válvula que ele ia dar aos comunistas? As universidades. Ou seja, os militares deixaram os comunistas em paz nas universidades, vocês se lembram, claramente, que universidade não se invadia, os estudantes se refugiavam nos campos, entravam nos campos. Quando um professor marxista estava em sala de aula, ele sabia muito bem que na sua sala de aula tinha pelo menos um agente secreto ouvindo as aulas dele. Mas, se ele falasse de reforma agrária, de luta armada, ele ia preso, ia para o xilindró. Mas se ele falasse de aborto, se ele falasse de divórcio, se ele falasse de amor livre nada disso era considerado como comunismo. Quem que acha que isso é comunismo? Não parece ter nada a ver com o marxismo. Então deixaram acontecer. Hoje as nossas universidades estão completamente desmontadas em termos de cultura cristã, é máquina anticristã disfarçada, é claro. Ou seja, eles nunca vão denunciar a moral cristã, eles denunciam a moral burguesa, eles nunca denunciam o cristianismo, eles denunciam o pensamento retrógrado, eles denunciam quem é conservador, quem não é aberto, quem não está aberto aos tempos modernos e atuais. Nós vamos ter a oportunidade de ver temas interessantes, que são tratados. Eu estou só aqui contando uma história. Repito você não precisa acreditar nessa história, vá atrás. Aconteceu então a Revolução Estudantil no mundo inteiro, final da década de 60 aqui no Brasil também houve, foi abafada pelos militares, mas final da década de 60, Revolução Estudantil no mundo inteiro. Quem estava em Paris, quando a Revolução Estudantil aconteceu? Marcuse. Marcuse e também outros, Foucault, Castoriadis e companhia limitada, insuflando os estudantes. Nos Estados unidos estavam tentando abafar a coisa, naquela época em que Marcuse estava defendendo a Revolução Estudantil na Universidade de San Diego na Califórnia, foi eleito um governador da Califórnia chamado Ronald Reagan que lutou contra Marcuse frontalmente. Ronald Reagan é provavelmente, juntamente com o Papa João Paulo Segundo, um dos homens responsáveis pela queda do comunismo. Muito bem, deixemos os detalhes de lado, só pra você saber como as coisas foram acontecendo historicamente. Aqui no Brasil, a famosa UNE União Nacional dos Estudantes. Está aí o congresso da UNE em 1968. Quando o mundo inteiro pegava fogo eles fizeram um Congresso em Ibiúna, cidadezinha do interior de São Paulo que ficou famosa por esse congresso. Congresso de Ibiúna. Quem é que era liderança da UNE nessa época? Os nossos políticos de esquerda, de direita, de cima, debaixo, por quê? Porque o Brasil é um país que atualmente só tem partidos de esquerda. Tem a direita da esquerda, o centro da esquerda e a esquerda da esquerda. O PT chama o PSDB de direita, mas o PSDB não é de direita, o PSDB é a direita da esquerda. Entende? Ele está a direita do PT, mas não quer dizer que ele seja de direita. É aqui que é o problema. Então está ai o Serra. O Serra, o José Dirceu, o Aldo Rebelo que é do PCdoB atualmente. Está ai três partidos, um PCdoB, outro PT, e o outro PSDB, todos eles eram estudantes marxistas, naquela época, e militaram na UNE. O nosso amigo José Serra viajou para o Chile para apoiar o Governo Allende, que era um governo comunista. O nosso amigo José Dirceu foi preso. Aí eles sequestraram o embaixador americano e conseguiram libertar o homem e ele foi extraditado e foi morar em Cuba, aprender um pouquinho de guerrilha, fez cirurgia plástica e voltou para o Brasil incógnito, casou- se e a mulher dele não sabia quem ele era. Eu vou parar por aqui na nossa história. Porque, nós precisamos compreender, eu sei que foi uma avalanche de informações que eu joguei em cima de você. Agora nós precisaríamos começar outro capítulo pra você entender tudo, chamado teologia da libertação, mas já está dando para perceber, como uma coisa casa com a outra. Eu preciso amarrar as pontas, pra que você não saia daqui chocado, catatônico. Vejam gente estas coisas que eu estou dizendo, não estou dizendo para gerar um alarmismo, pra que você comece a ver comunismo em tudo. Entende? Por quê? Porque essas coisas elas tinham esses grandes professores, da época que levaram a coisa pra frente e hoje o monstro criou vida própria, não precisa de ninguém empurrar não, já se tornou o ar que nós respiramos. O ar que nós respiramos. Por exemplo, essa história do politicamente correto é pensamento marxista. O politicamente correto foi criado nas universidades americanas por esses pensadores marxistas. Pra que? Justamente para mostrar que as convicções morais cristãs, são viciadas. Então é necessário tornar todo mundo igual, eu não vou hoje falar do politicamente correto porque levaria muito longe, só estou dizendo a origem. Talvez não faça sentido isso que eu estou dizendo pra vocês. Vocês não vêem muito sentido como é que querem que politicamente correto tem a ver com o marxismo. Né? Mas posso fazer uma palestra sobre isso. Coisas assim que estão acontecendo na igreja do Brasil hoje, como por exemplo: sete de setembro. O que é que nós temos nas igrejas do Brasil: o grito dos excluídos. Quem que inventou essa história de excluído? Foi um filósofo marxista chamado Pierre Bourdieu, que inventou essa categoria, excluído com a finalidade muito específica, que é alimentar a luta de classes, etc. etc. só pra dizer que existe. Se a gente fosse aqui colocar uma nota de rodapé em todas as coisas que estão na nossa sociedade e com que finalidade elas foram colocadas, levaria muito tempo e nós vamos ter a possibilidade de fazer isso também. Por quê? Porque essas nossas palestras, além de dar palestras de espiritualidade, doutrina da igreja, eu vou abordar também esses temas polêmicos atuais, tudo isso junto. Porém é importante que você não se desespere. Por quê? Para que você saiba, nós estamos vivendo nisso gente faz tempo só que agora você está sabendo, então calma. Calma porque amanhã o sol vai nascer como nasceu hoje e o mundo vai continuar o mesmo só que você vai começar a compreender que existe alguma coisa querendo destruir a moral cristã e a vida cristã. E é aí que você vai compreender, porque é que a igreja está dividida. Por que é, por exemplo, que tanta gente odeia tanto o Papa Bento XVI. Já se perguntaram isso? Por que é que ele é tão odiado? Porque ele foi absolutamente contra esse pensamento, lembre-se que o Cardeal Joseph Alois Ratzinger foi aquele que deu a cara a tapa para condenar a teologia da libertação, que é um pensamento marxista dentro da Igreja. É por isso que ele é odiado, e é odiado mundialmente. Porque isso que eu descrevi aqui pra vocês é mundial não é só no Brasil, é mundial. Por que é que eles odeiam o Papa? Tanta gente, não entende isso, até os próprios jornalistas. Eu me lembro, um padre amigo meu, Padre Sérgio Costa Couto ele estava prestando serviços à Rede Globo, à Globo News quando foi anunciado a eleição do Papa Bento XVI, e no intervalo, a jornalista estava atônita, e perguntava para o padre: “Padre se este cardeal que foi eleito Papa é tão conservador, por que é que eles estão festejando?” Porque na Praça de São Pedro não sei se para vocês também, mas pra mim ficou nítida aquela imagem dos jovens se abraçando e fazendo festa porque Ratzinger tinha sido eleito Papa. Por quê? Porque existe na igreja católica, graças a Deus, existe na igreja católica do mundo inteiro, um movimento de tomada de consciência de que nós precisamos lutar para resgatar os nossos valores, resgatar a nossa identidade e que nós não podemos deixar que nos arrastem pra onde nós não queremos ir. Nós precisamos permanecer fiéis ao evangelho e é essa marca de Bento XVI no primeiro discurso que ele fez ele disse: “Não preciso dizer que eu não tenho programa de pontificado, o meu programa é fazer a vontade de Deus e ser fiel ao evangelho”. Ser fiel ao evangelho. E é isso o que eles não querem ouvir, é isso que eles não querem saber. Porque burguês aqui não é o problema de você ter dinheiro, burguês aqui é se você continuar pregando contra o aborto, contra sexo fora do casamento, contra masturbação, contra casamento gay, se você continuar pregando isso, você vai ser burguês, porque é isso que eles chamam de moral burguesa, aquilo que pra nós é mero cristianismo, é puro cristianismo. Então enquanto você continuar cristão, você vai ser chamado de burguês. Compreendem isso? Então eu estou fazendo essa palestra aqui porque nós precisamos compreender o porque nós somos odiados, e porque que é que eles batem em nós e nós estamos apanhando sem saber porque. Agora vejam só, eu cresci no meio desse pensamento aqui, eu não seria capaz de dar essa palestra há quatro anos. Não seria capaz. Acontece que há quatro anos eu li um artigo na internet e por providência divina eu tive a curiosidade: Mas que fiozinho é este? E puxei o fio, aí veio uma corda, puxei a corda veio um elefante. Coisas tão óbvias que eu sofri a vida inteira agora fazem sentido. A vida interia eu fui perseguido e não sabia o porquê. Apanhava sem saber o porquê. Por quê? Porque, veja só gente, a minha vida eu me dediquei a ler outros autores, acontece de que quatro anos pra cá a minha biblioteca marxista aumentou descomunalmente, eu tenho lido um autor marxista atrás do outro, e eu me dediquei a estudar esses autores marxistas, a comprar os cadernos do cárcere de Antonio Gramsci, a de comprar os livros de Marcuse, de Adorno, de Horkheimer, de Habermas etc., e ler este povo o máximo que eu pudesse pra compreender isso tudo. Agora eu quero partilhar com vocês um pouco destes quatro anos de castigo, sentado, estudando. O serviço que eu quero prestar é o de colocar nota de rodapé. Ou seja, dizer olha tal idéia assim vem de tal lugar. Você não é obrigado a concordar comigo, se eu condenar uma ideia você não precisa condenar junto comigo, mas você já vai saber a origem, e já vai saber por que essas pessoas estão dizendo o que estão dizendo, e o que elas pretendem fazer com isso. Vejam eles começaram a destruir a moral cristã pra que? Para implantar a revolução socialista. Eu não sei se eles vão conseguir implantar a revolução socialista. Sinceramente eu acho que não. Entende? Mas estão conseguindo destruir o cristianismo. Então o meu medo aqui não é, que os comunistas venham com bandeiras vermelhas e me levem para o campo de concentração, eu não estou com medo do comunismo, eu estou somente denunciando uma cultura e um pensamento que está sistematicamente destruindo as coisas que nós mais amamos. Agora veja bem, é necessário reagir, se um invasor, se um intruso entra na minha casa estupra a minha mulher e mata os meus filhos eu preciso reagir, e se me chamarem de reacionário, podem chamar de reacionário, porque eu vou defender aquilo que eu amo. Eu tenho o direito de ser cristão nesse país. Não estou obrigando ninguém a ser cristão, mas tenho direito de ser cristão e tenho direito de avisar aos meus irmãos cristãos que estão sugando a nossa alma, estão tirando as nossas forças, estão invadindo os nossos corações e tirando as nossas convicções, mais verdadeiras, lidíssimas e sinceras. Então nós precisamos estar atentos a isso, somente este serviço que eu gostaria de prestar. Sei que ao fazer isto, eu estou correndo um risco enorme, o risco justamente do patrulhamento ideológico. Então eu já digo isto na primeira palestra, porque se acontecer lá na frente, quero que saibam qual não é profecia, é o método deles. O que é o patrulhamento ideológico? Quando alguém se põe a denunciar a trapaça, eles usam o método que foi inventado por Lênin. Patrulhamento ideológico é o seguinte: você denunciou, eles caem em cima de você com acusações, você é um agente da CIA, você é burguês, você é um padre infiel, você é um louco, você é não sei o quê, inventam tudo o possível, o que puderem achar de acusação contra a pessoa, eles fritam a pessoa. Pra que? Porque fritando a pessoa eles não pensam que vão mudar o meu pensamento, não, não é isso que eles querem. Eles sabem que eu sou cabeçudo o suficiente e que eu não vou mudar. Mas o que eles querem? Eles querem intimidar, querem impedir que alguém concorde comigo. Quando as pessoas virem que o Padre Paulo ser frito e fuzilado, vão dizer: “Opa, eu preciso pensar duas vezes antes de pregar e viver isso que o Padre Paulo está dizendo, eu não sou bobo, eu vou ficar na minha”. E assim a pessoa fica intimidada, chama-se patrulhamento ideológico. A pessoa vítima de patrulhamento ideológico é escarnecida, inventam calúnias, inventam coisas, e dizem e acontecem. Eu irei continuar o meu serviço, eu irei continuar fazendo. O cardeal Ratzinguer foi vítima de patrulhamento ideológico, é por isso que ele é tão odiado e tão mal falado. Depois você ouve o homem, vê o homem: Meu Deus eu não acredito que esse é que é o nazista que estavam falando, diz que o cara é um ditador, nazista, que é um tanque de guerra. Você vê ele, você vê o Bento XVI celebrando missa, ele está quase pedindo desculpa: Olha desculpa, que eu estou aqui. Ta! É ou não é verdade? Vocês já viram a atitude dele? Ele está quase pedindo desculpas de estar lá, “desculpa por ser eu. Era pra ser outro, mas desculpa sou eu”. Quer dizer, é uma pessoa humilde, serena, tranquila. Ele tem uma culpa. Sabe qual é a culpa dele? Ele tem fé, prega a fé, denuncia os erros contra a fé e por isso foi vítima de patrulhamento ideológico. Quando as pessoas entram em contato com ele, dizem: “Puxa vida, eu achava que ele era um monstro”. Mais gente, quando a gente pega as homilias desse homem, a gente quase não acredita naquilo que está lendo, que maravilha, que coisa fantástica a pregação dele. Aquele homem assim, humilde, tranquilo dizendo pérolas e coisas extraordinárias. Esse é o nosso grande Papa, vítima de patrulhamento ideológico e por isso muito odiado. Então eu já aviso vocês para que ninguém se ponha agora a repetir as coisas que o Padre Paulo está dizendo aqui, e seja vítima disso. Por exemplo, eu não aconselho a que seminaristas que estão em outros seminários por aí, no Brasil a fora comecem a dizer essas coisas em sala de aula, porque serão fuzilados e não serão ordenados padres. Vão ser fuzilados. Meu irmãozinho se você quer um conselho: prudência e caldo de galinha não fazem mal a ninguém. A mesma coisa com relação aos universitários, é necessário que a gente tenha primeiro um período de conscientização, a gente vai se formando antes de dar a cara a tapa e começar a debater em público. Você precisa primeiro se formar e formar a sua mentalidade cristã. Novamente ninguém é obrigado a estar de acordo comigo. Eu quando disser as coisas direi as fontes você pode pesquisar, você pode estudar. Então pode ser que o Padre Paulo seja um grande embrulhone, como se diz em italiano, um cara que está querendo passar a perna, mas é esse serviço da verdade que eu gostaria de prestar pra vocês. Obrigado pela paciência, Deus abençoe, tudo de bom. *Degravação de Stéfani Onesko.

segunda-feira, julho 09, 2012

A OBRIGATORIEDADE DE CONTEÚDOS DE HISTÓRIA DA ÁFRICA

Itamar Flávio da Silveira* A lei federal 11645/2008 estabelece a obrigatoriedade de ministrar os conteúdos de História da África, nos currículos do ensino Fundamental e Médio das escolas públicas e particulares. Pelo menos é isso que todo mundo diz. Se fosse assim mesmo teríamos uma formidável justificativa para introduzir esses assuntos efetivamente em nossos currículos, afinal a África é um continente com tantas faces e sabemos pouco sobre ele. Melhor seria se os conteúdos fossem sugeridos e jamais impostos pelo Estado. Afinal, os governos, e os parlamentares que fazem as leis, parecem não serem os mais indicados para tratar de conteúdos tão importantes como a educação. No entanto, os motivos que levaram a aprovação da referida lei são ruins. A lei obriga também as escolas trabalharem com história e cultura indígena, o que a torna pior. Vamos ver alguns excertos da lei para analisarmos melhor. No Artigo 26-A diz que “Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena.” Assim tira a faculdade da escola oferecer ou não. No § 1 deste mesmo Artigo estabelece que o programa que está contido nesta lei: “incluirá diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil.” (Lei Federal 11.645/2008). Fica muito claro que o objetivo desta legislação não é compreender a História da África, como forma de alargar o horizonte cultural de nossos estudantes. Trata-se de uma decisão pensada que obriga a venda da ideia de que existe a necessidade da reparação aos indígenas e aos descendentes de escravos _ comumente chamados de afrodescendentes _ em função da história de nosso passado. Dentro da ideia de reparação vem o suporte teórico e político para a concessão das cotas raciais nas universidades, nos cargos públicos e até nas empresas privadas. Então se trata de uma lei infeliz que vai impondo sorrateiramente um ideal que é explicitamente de esquerda, mas que é executado em nome de uma necessária “formação científica”. É malandragem intelectual pura. No entanto, podemos levar a sério o enunciado que aparece, principalmente, nos argumentos dos defensores da Lei que pode sim ser extremamente útil para a formação de nossos alunos. Podemos levar a sério aquilo que era apenas para engambelar pais e professores. Aí podemos ministrar realmente conteúdos de História da África. Entendemos que se faz mesmo necessário estudar a história, a cultura, e a economia africana. Nesses conteúdos temos, certamente, informações que nos permitem compreender as causas da pobreza do continente africano e os danos que as políticas assistencialistas das organizações não governamentais (Ongs) e governos estrangeiros generosos causam àquele conturbado continente. Lembramos que da mesma forma que ideias nobres podem resultar e ações desastradas, mas, das proposições ruins também podem surgir ações produtivas. Para tanto propomos estudarmos efetivamente a História da África e nos determos nas causas dos malefícios que constantemente abatem sobre aquele continente. Costumeiramente vemos as explicações que atribuem ao colonialismo, ao imperialismo e as práticas do mercado internacional como sendo os responsáveis pelas guerras, fome, epidemias e miséria que ceifam milhões de vidas dos povos africanos. Mas será que as explicações tradicionais dão conta de esclarecer o assunto¿ Temos muitos indícios que apontam no sentido contrário. O leitor poderá indagar “Se a história da África que você pretende mostrar não vai valorizar a luta dos movimentos negros no Brasil, qual seria a importância de tal estudo¿” Ocorre que o historiador deve ser sério, se comprometendo em apresentar aquilo que sua pesquisa mostrar. Ele deve partir para o trabalho objetivando apresentar o resultado que seja mais próximo possível da realidade. Se o resultado prático não colaborar para a fundamentação de sua pesquisa, é sinal que ele precisa refletir mais sobre suas ambições acadêmicas. Se negar fazer este trabalho é assumir que os ideais dos movimentos não estão sintonizados com a História. A Europa e os Estados Unidos recebem anualmente dezenas de milhares de africanos que aportam no velho continente europeu e na América, inclusive o Brasil. São famílias e jovens solteiros que fogem das guerras, fome e do fanatismo religioso que assolam o continente africano. A chegada deles em muitas cidades europeias como Paris, por exemplo, cria um novo cenário político, religioso e social nas cidades que recebem esses retirantes. Conhecer as causas de tanta dor nos faz compreender melhor o continente e mudar o tratamento que deve ser dado para esse segmento étnico. Nossa proposta é fazer dos limões, que o Estado nos obrigou a comprar, uma refrescante limonada. _______________________________________________________________ *Professor de História Econômica da Universidade Estadual de Maringá.

domingo, maio 20, 2012

A HISTÓRIA DA INGLATERRA E SUAS LIÇÕES AO MUNDO PÓS-MODERNO

Talles Henrique Pichinelli Maffei* (Breve resenha sobre o livro “Império: como os Britânicos fizeram o mundo moderno”, de Niall Ferguson).** O livro “Império: como os britânicos fizeram o mundo moderno” de Niall Ferguson trata do papel da Inglaterra na construção do mundo moderno, descrevendo a empreitada inglesa de disseminação de seu sistema de valores, incluindo aí o âmbito econômico, cultural,religioso e jurídico. A discussão envolve o processo colonizador inglês que, apesar de tardio, foi o mais bem-sucedido da história. Uma das primeiras lições que podem ser extraídas da história descrita no livro é: de que maneira uma pequena ilha de terras montanhosas, desprovidas de grandes recursos naturais e detentora de uma pequena população pode constituir um dos maiores impérios já vistos pelo homem e poderosa o suficiente para influenciar o grande curso da história até os dias de hoje? O Império Inglês, em seu apogeu, chegou a governar cerca de um quarto das terras do planeta e aproximadamente a mesma proporção de habitantes. O Império Inglês detinha colônias em todos os continentes do globo, possuía uma marinha mercante incomparavelmente maior que a de seus potenciais concorrentes e consequentemente um volume de trocas gigantesco. Foi ela a detentora da economia mais robusta do planeta por um longo período de tempo, sendo o seu brilho e apogeu representado no século XIX, no que ficou conhecido como período Vitoriano, em referência á Rainha Vitória. Examinando a história da Inglaterra com base na obra de Niall Ferguson, podemos inferir os principais pontos que levaram a Inglaterra a se transformar em um grande império, com um papel primordial na construção do mundo moderno. São eles: Império da Lei: Os ingleses foram altamente zelosos na Idade Moderna com a aplicação efetiva da lei, o que resultou em uma eficiente proteção á propriedade privada, o que garantiu bases sólidas para a convivência social segura. Tal fator favoreceu e incentivou a poupança e os investimentos, já que havia a proporção de segurança por parte do Estado e a remota chance de expropriação. Além do mais, a aplicação eficiente da lei garantiu a preservação da meritocracia individual e a boa fluência da sociedade. Burocracia Enxuta: A burocracia foi um grande motivo de preocupação por parte dos ingleses na Era Moderna. A ideia principal era impedir o quanto possível a expansão da burocracia, visando a saúde das finanças estatais. A Inglaterra fora um grande espelho de como governar muitos com tão pouco. A administração inglesa na Índia foi um grande exemplo disto, onde poucos milhares ingleses governaram centenas de milhões de indianos. O Serviço Civil Indiano era composto por burocratas altamente qualificados, um símbolo da eficiência do governo inglês em terras indianas. Tal fator resultou na atração de investimentos e proteção á liberdade individual e á meritocracia, valores sempre emperrados por um corpo burocrático avantajado, dado que o volume de corrupção é diretamente proporcional ao tamanho da burocracia. Além disso, tal fator evitava o aumento de impostos, já que o funcionalismo público diminuto não onerava a folha de pagamentos da Coroa Inglesa e tornava o imperialismo inglês rentável. Não Intervenção: Os governos ingleses na Idade Moderna adotaram a filosofia do laissez-faire, baseando-se no princípio de não intervenção nos mecanismos do mercado. Teóricos como Adam Smith, David Ricardo e John Stuart Mill tiveram suas vozes ouvidas por seus conterrâneos britânicos. A atividade econômica pode assim se desenvolver plenamente na Inglaterra, com poucos empecilhos a serem enfrentados. As estradas de ferro inglesas se alastraram pela Europa, Ásia e África. Cabos destinados ás linhas de telégrafo foram instalados pelos ingleses, conectando todos os continentes e facilitando de forma revolucionária a comunicação. Os investimentos fluíam em larga escala por todo o Império Inglês, local onde encontravam a maior liberdade para o seu pleno desenvolvimento. As trocas comerciais dentro do circuito comercial imperial fluíam aceleradamente, além disso, a divisão do trabalho foi sendo cada vez mais ampliada. A atividade econômica intra-império envolvia a produção de cana de açúcar e tabaco nas colônias inglesas da América, o algodão produzido no Norte da África (principalmente na colônia inglesa do Egito) e a lã era produzida em larga escala na colônia inglesa da Austrália. Por outro lado, a Inglaterra exportava produtos manufaturados para todas as suas colônias nos quatro cantos do globo, o que ia de mercadorias têxteis até navios e locomotivas a vapor. Os produtos ingleses eram produzidos e comercializados em uma escala verdadeiramente global, aproveitando potencialmente as particularidades de cada região. O pleno desenvolvimento e aceleração das trocas influenciaram de forma preponderante no aumento da riqueza e na produtividade no Império Inglês. Zelo pela Liberdade: A tradição liberal na Grã-Bretanha, de filósofos como Adam Smith e David Hume, exerceu na Idade Moderna um influente papel na política imperial britânica. Apesar de os ingleses serem aqueles que mais tiveram lucro com o tráfico negreiro e ainda se oporem em geral a independência de suas colônias, eles paradoxalmente formam os grandes guardiães da liberdade individual na Era Moderna. O imperialismo inglês foi muito brando se comparado aos seus pares europeus no quesito liberdade individual dos habitantes de suas colônias. O grande exemplo pode ser dado pela Índia, onde predominou por um longo tempo a política de não intervenção na cultura e religião local. A concepção de liberdade inglesa foi um elemento de solidificação e simultaneamente um catalisador da desintegração do império britânico. Os fardos da dominação eram relativamente leves. Porém, de que maneira afinal poderiam os guardiães da liberdade recusar tal valor ás suas próprias colônias e cidadãos? Demonstrado tais fatores, eis sinteticamente a “fórmula da riqueza” dos ingleses, transformando a pequena ilha no Norte europeu em um dos maiores impérios já vistos pelo homem. A conjuntura construída na Inglaterra garantiu uma das maiores acumulações de riqueza da história, pois garantia segurança e liberdade para a atividade econômica progredir. A Revolução Industrial é um símbolo disto, tal evento não ocorreu na Inglaterra pela sorte do destino, mas sim pelas características peculiares da Inglaterra, regularmente incentivando e garantido proteção ao capital. A peculiaridade econômica da Inglaterra permitiu também peculiaridades culturais. O povo inglês se tornou um povo poupador e empreendedor por excelência. Sem a cultura disseminada entre parcela da população inglesa de poupança e investimento, a revolução industrial não teria sido possível, tal é também o ponto de vista do historiador da Escola Austríaca Max Hartwell. O desconforto no presente gera em alguns homens a busca das causas no passado. No caso brasileiro isso é representado por historiadores como Caio Prado Junior e Sérgio Buarque de Hollanda, sendo a tese do primeiro a mais difundida e impactante no meio intelectual brasileiro. De forma sintetizada, Prado Jr. alega que a colônia portuguesa no Brasil não se desenvolveu de forma satisfatória pela forma como a atividade econômica fora organizada em terras tupiniquins, sendo a colônia destinada puramente á extração dos recursos naturais. Assim, de acordo com o historiador, não havia nenhuma preocupação por parte dos portugueses com o desenvolvimento econômico da colônia, mas apenas com a pura exploração dos recursos. O processo de colonização inglês vem a refutar tais justificativas. A colonização da Austrália foi iniciada principalmente por ser o local adequado para o armazenamento de indivíduos, considerados, pela sociedade inglesa, errantes e perigosos. Afinal, uma gigantesca ilha de terras estéreis povoada por indígenas hostis e situada a uma distância quase inviável da Inglaterra seria aparentemente o local ideal para uma prisão. Em pouco tempo a colônia da Austrália era sem dúvida uma das mais prósperas do império inglês. Atualmente – é o caso reforçar - a Austrália é um dos países mais ricos do mundo e apresenta ótimos índices de desenvolvimento e qualidade de vida. As colônias inglesas situadas na América do Norte, que hoje formam os EUA e o Canadá, foram em parte colônias de exploração agrícola e parte depósito de indivíduos considerados degredados em seus países de origem. Os EUA hoje são indiscutivelmente detentores da economia mais robusta do planeta, além da indiscutível elevada qualidade de vida de seus cidadãos. De tal forma, o argumento de que a inferioridade econômica brasileira pode ser explicada pelo passado colonial não se sustenta ao se analisar processos similares. A riqueza de uma nação não depende de seu passado, mas sim na escolha de ações que garantam basicamente a proteção á propriedade privada e desenvolvimento pleno das trocas. Fatores estes respeitados pela Inglaterra e que a transformaram a mesma num vasto império. O princípio da não intervenção econômica por parte do Estado garante a liberdade individual e a alocação dos recursos da forma mais eficiente possível. No atual estágio social, o conhecimento se encontra dispersado de forma extremamente vasta, o que impossibilita a sua acumulação por um grupo pequeno de pessoas. Partindo de tal princípio, a liberdade individual garante de forma mais eficiente possível a aplicação do conhecimento, do qual cada fragmento pertence a algum individuo. Tais garantias, oferecidas de certa forma pelo Estado Inglês, garantiu a construção da riqueza e a alocação eficiente dos recursos. Enfim, a história da Inglaterra pode em muito nos ensinar sobre qual o caminho a ser trilhado pelas instituições para que tenhamos um ritmo melhor de desenvolvimento. Não podemos cair na falsa ideia de atribuir ao passado os problemas do presente, além disso, a história está recheada de exemplos que nos evidenciam o contrário. *Acadêmico do curso de graduação em História da Universidade Estadual de Maringá. ** FERGUSON, Niall. Império: como os britânicos fizeram o mundo moderno. São Paulo: Editora Planeta, 2011.

sexta-feira, maio 18, 2012

O MAPA ERRADO



RODRIGO CONSTANTINO
*

A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quinta-feira que o crescimento do País não pode depender exclusivamente das "forças de autorregulação do mercado" e ressaltou o momento de "mutação" atual vivido no desenvolvimento do Brasil. Ela entregou o prêmio Almirante Álvaro Alberto de contribuição científica à sua ex-professora e economista Maria da Conceição Tavares, a quem atribuiu grandes contribuições ao desenvolvimento do País. A Presidente disse que Conceição Tavares contribuiu para “o mapa do caminho”.
Maria da Conceição TavaresResta perguntar: quais contribuições foram essas? Que mapa é este? Conceição Tavares, para quem não se lembra, é aquela senhora com fala agressiva, mas que se derreteu em lágrimas de emoção, em rede nacional, quando o fracassado Plano Cruzado foi aprovado. Ela sempre defendeu o nacional-desenvolvimentismo, esta ideologia fadada ao insucesso. Não consigo me lembrar de uma só contribuição positiva desta senhora para o desenvolvimento do País. Ao contrário: foi contra, assim como o PT, todas as reformas que melhoraram nossa situação.
A fala da “Presidenta” é importante para frisar que seu governo é caracterizado por um forte ranço ideológico. Dilma realmente acredita no nacional-desenvolvimentismo, e suas últimas medidas deixam isso bastante claro. Até aqui, ela encontrou pela frente um cenário externo favorável. Com a deterioração do quadro e o esgotamento do modelo de estímulos estatais, parece que o Governo vai caminhar cada vez mais na direção intervencionista. Voltamos à época de pacotes quase semanais, de acordo com as demandas pontuais que surgem.
Os pilares que sustentaram a credibilidade macroeconômica foram sendo derrubados um a um. A meta de inflação foi afrouxada e o Banco Central se mostrou sem autonomia. O câmbio sofre forte intervenção. Até a meta de superávit fiscal parece ameaçada. A Folha diz hoje que no governo há quem defenda até aumentar os gastos públicos e reduzir o aperto fiscal para estimular o consumo e o investimento. Um país não pode ter uma equipe econômica tão medíocre por tanto tempo e sair impune disso.
A ficha dos gringos pode estar caindo. A revista The Economist desta semana tem uma matéria de destaque sobre o Brasil, com tom negativo, pregando a necessidade de novas reformas. Mas Dilma declarou que seu mapa é mesmo ideológico, e aponta para o lado errado. Ela usa um mapa da Venezuela para trafegar pelo Brasil. Não tem como chegar ao lugar certo...  
*DIRETOR DO INSTITUTO LIBERAL
Ref. imagem: Wikipédia